Translate

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

ESTRUTURA DAS PALAVRAS


Depois dessa incursão pela historia da formação da língua portuguesa, e necessário
estudar as palavras isoladamente para que possamos entender e dominar
sua significação.
Assim como um motor compõe-se de pequenas pecas, as palavras também
são formadas por unidades mínimas a que se da o nome de elementos estruturais,
elementos mórficos ou, simplesmente, morfemas. Os elementos mórficos
são: radical, afixos, desinência, vogal temática e vogal e consoante de ligação.

 Radical
E o elemento imutável, que indica
o sentido da palavra, seu significado.
Com os radicais formamos famílias
de palavras ao lado.
estrel - a
estrel - ado     estrel - ato
estrel – ar        estrel – ismo
Obs.: A ideia de raiz é confundida as vezes com a de radical. O conceito de radical diz
respeito a gramática e, por isso, quando se trata de palavras derivadas de um mesmo
radical, fala-se em família de palavras ou família etimológica. Já quando se trata de palavras que apresentam a mesma raiz, conceito histórico que interessa a etimologia, dizemos que são palavras ou termos cognatos. Assim estrela, estrelar, estrelato, estrelismo pertencem a mesma família de palavras, porque o radical estrel- e o mesmo. Já estrela, estelar, estrelado, estelante são termos cognatos porque provem da mesma raiz latina Stella

Afixos
São elementos colocados antes (prefixos) ou depois (sufixos) dos radicais
para alterar-lhes o sentido básico.
EN +   velh +  ECER
prefixo  radical   sufixo

Derivação
Derivação é o processo de formação das palavras mediante
o emprego de prefixos (derivação prefixal), ou sufixos
(derivação sufixal).
Os prefixos que aparecem na língua portuguesa são em
geral de origem grega ou latina.

Desinências
São elementos que aparecem na parte final das palavras para indicar as diversas
variações que elas podem apresentar.
 Desinências nominais: indicam o gênero (masculino/feminino) e o numero
(singular/plural) das palavras.
gat - o // gat - a
gat - o - s // gat - a - s
Desinências verbais: indicam as flexões verbais em numero (singular/plural);
pessoa (1a, 2a ou 3a), modo (indicativo/subjuntivo/imperativo) e tempo (presente/
passado/futuro).
Vivêssemos
viv- radical
-ê- vogal temática
-sse- desinência de modo subjuntivo e de tempo
pretérito imperfeito
-mos desinência de 1a pessoa do plural

Vogal Temática e Tema
São as vogais A, E e I usadas para indicar a conjugação a que o verbo pertence.
O radical acrescido a vogal temática recebe o nome de tema.
Beberemos
beb- radical
-e- vogal temática
-re- desinência de modo indicativo e tempo futuro do presente
-mos- desinência de 1a pessoa do plural

Vogais e Consoantes de Ligação
São vogais ou consoantes colocadas entre dois elementos mórficos apenas
para facilitar a pronuncia. Elas não tem nenhuma significação.
pau-l-ada         gas-ô-metro     normal-i-dade
O conhecimento dos elementos constitutivos das palavras e útil não só para
reconhecer-lhes o significado, mas também para que possamos realizar, conscientemente, a composição de novas palavras num trabalho dinâmico e criativo
com a língua. Toda vez que, em virtude de avanços tecnológicos ou por necessidade
estética, um cientista ou um artista precisa criar novas palavras, e lançando
mão dos elementos por nos estudados e e criado o que se denomina neologismo.
São exemplos de neologismos na área técnica: xerografia, datiloscopia, televisão.
Em criação estética, os neologismos abundam em Caetano Veloso
(desanoitece a manhã, sexonhei, ciumortevida), Oswald de Andrade
(bandeiranacionalizar), entre tantos outros.

sábado, 17 de novembro de 2012

AS ORIGENS DA LÍNGUA PORTUGUESA


A língua portuguesa provém do latim, o idioma falado por um povo rústico que vivia no Lácio, região central da Península Itálica. O tempo e a expansão do Império Romano fizeram com que a língua latina passasse por inúmeras transformações e conquistasse um papel fundamental na história da civilização ocidental. Foi justamente uma dessas transformações que deu origem à língua portuguesa, num processo rico e dinâmico, que deve ser entendido em seu permanente movimento, porque toda língua é um organismo vivo, que serve para os homens estabelecerem relações entre si, conhecerem outros povos e outras culturas, realizarem transações comerciais, enfim, exercitarem sua comunicação diária. Nesse contato permanente, a língua se constrói, incorpora novos termos, transforma outros já existentes, influencia outros idiomas e recebe influências. O que fez a língua latina se desenvolver foi a necessidade dos romanos – que habitavam a Península Itálica – de expandir seu domínio. Até meados do século IV a.C., os romanos não haviam ampliado muito as fronteiras do antigo Lácio, permanecendo o latim quase que restrito a essa região. Com a guerra contra os samnitas, em 326 a.C., iniciou-se um longo período de conquistas com o qual o Império Romano veio a atingir o máximo de sua expansão geográfica, levando também sua língua, seus hábitos de vida e instituições às mais diversas regiões da Europa, África e Ásia. Desse longo período expansionista, o fato decisivo para o surgimento da língua portuguesa foi a conquista pelos romanos, no século III a.C., da Península Ibérica. Essa parte da Europa, que hoje compreende Portugal e Espanha, era habitada por povos diversos, entre eles os celtas, iberos, púnico-fenícios, lígures e gregos, que, na convivência com os invasores romanos, incorporaram a língua latina, que passou a ser sua língua predominante até por volta do século V d.C.

LATIM VULGAR E LATIM LITERÁRIO

O idioma levado pelos romanos para as mais diferentes regiões foi o latim falado, aquele praticado no dia-a-dia por todas as camadas sociais, e também conhecido como latim vulgar . Desde o século III a.C., sob a influência grega, o latim escrito com intenções artísticas foi sendo progressivamente apurado, o que acabou por acentuar a separação entre o latim vulgar e o latim literário . Também chamado latim clássico, era o idioma ensinado nas escolas e cultivado por uma pequena elite, entre ela os grandes escritores de Roma, como Horácio e Virgílio. Assim, o latim mais inovador, aquele que deu origem a novas línguas, foi o latim vulgar. O termo vulgar deve ser entendido aqui como a língua falada por todas as camadas da população. Ele inclui as diversas variedades da língua falada, desde a linguagem corrente, das ruas, até as linguagens profissionais, os termos usados nas guerras e nas transações comerciais e as gírias. Foi esse latim que os soldados, lavradores, viajantes e funcionários romanos levaram para as regiões conquistadas e que, por diversos fatores, deu origem às chamadas línguas românicas.

DOMÍNIO ATUAL

Com as navegações durante os séculos XV e XVI, os portugueses levaram a sua língua para os vastos territórios que conquistaram na África, na América e na Oceania, ampliando muito seu domínio. Hoje, o português é a língua oficial de Portugal, do Brasil e dos países que foram colônias portuguesas: Guiné-Bissau, Cabo Verde, Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor. É, portanto, falado em áreas de todos os continentes: Europa (Portugal continental, arquipélago dos Açores e ilha da Madeira), África (arquipélago de Cabo Verde, ilhas de São Tomé e Príncipe e, no continente, Angola, Guiné-Bissau e Moçambique), Ásia (Macau), Oceania (parte ocidental da ilha de Timor) e América (Brasil). Isso sem contar os inúmeros dialetos, que misturam o português com o espanhol, praticados em povoações da Espanha e nas zonas fronteiriças do Brasil. Esse amplo domínio faz da língua portuguesa a quinta entre as mais faladas do mundo, superada apenas pelas línguas chinesa, inglesa, russa e espanhola.


A LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL

Quando os portugueses descobriram o Brasil em 1500, já encontraram aqui uma língua: o tupi , que eles logo batizaram de língua geral . Era aquela falada pelos índios e também pelos jesuítas, que a utilizavam para catequizá-los, além dos comerciantes e outros moradores das terras brasileiras. Os jesuítas acabaram sendo expulsos do Brasil em 1759, e, desde então, o tupi foi proibido como língua geral, mas continuou sendo falado pela população local e contribuiu muito para o enriquecimento do vocabulário português. São inúmeras as palavras que vieram do tupi. Exemplos: carijó, guri, mingau, capim, araponga, arapuca, e outras; entre os nomes de pessoas, podemos citar Jurema, Iara, Araci, Moacir, Ubirajara, Iracema, e entre os topônimos (nomes de localidades) temos Niterói, Ceará, Catumbi e outros. Além do tupi, o português sofreu influência da língua africana, que chegou ao Brasil com os escravos trazidos da África. Sobretudo os dialetos nagô, ioruba e quimbundo, praticados pelos negros que aqui chegaram, enriqueceram a língua portuguesa com diversos termos. Exemplos: quilombo, banzo, samba, quitanda, acarajé, vatapá, dendê, além dos nomes de entidades da umbanda, como Exu, Orixá, Ogum, Iansã e muitas outras palavras. Desde a colonização até meados de 1600, a língua portuguesa no Brasil convivia com essas outras línguas – o tupi e os dialetos africanos. Daí em diante, ela começa a se impor como língua dominante, o que acontece definitivamente com a vinda da família real portuguesa para o Brasil, em 1808. Colaboram para isso a crescente urbanização que, dando origem às cidades, aprofunda a separação com o mundo rural, e o trabalho de importantes escritores, entre eles José de Alencar (1829-1870), que passam a retratar em suas obras a terra e o povo brasileiro, colaborando para uma identificação maior entre ambos. Mas, fundamentalmente, o que fez com que a língua portuguesa se impusesse como idioma foi o fato de o índio e o negro terem perdido, progressivamente, sua importância como mão-de-obra na economia colonial tendo, assim, sua língua e seus costumes marginalizados da cultura dominante, e, em contrapartida, o domínio que os portugueses exerceram sobre as terras e riquezas do Brasil, o comércio, a educação, a cultura e demais aspectos da sociedade brasileira.